quarta-feira, 17 de novembro de 2010


Nesta lagoa, espelho d'água, a luz se fez azul. Perdida n'algum lugar, num doce escondido deserto, as suas areias cintilam em reverência ao sol. Ai, a natureza! Como é sábia na sua autopreservação! Dai-nos licença para nos fundir no seu espaço e padecermos de contemplação!!! Em algum lugar, na Linha Verde/Bahia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A arte de ser pais

Ontem fiquei surpresa quando uma amiga minha me disse que caso recebesse uma proposta indecente para trabalhar fora do Estado, recusaria por não ter o suporte familiar para cuidar do baby. Fiquei indignada, pensando que ela estaria privando a filha de maior conforto, pois com uma renda melhor também se pode propiciar o melhor. Mas, claro, não sou mae.

Após essa conversa, ainda no ontem, fui aportar na casa do meu irmao justamente para passar a noite com o meu sobrinho recém nascido. A despeito de toda delícia de ser tia e poder estragar a “cria” enquanto os pais educam, a madrugada foi longa. Não necessariamente para mim, mas sim para os papitos, que tiveram que ultrapassar as barreiras do físico numa tentativa desenfreada e frustada de adormecer o filhote.

Apesar de minha contribuiçao ter se resumido a simples trocas de fraldas e, talvez, ao despertar da noite – uma vez que desobedeci a regra do berço e passei mais de três horas com o pimpolho no colo - , fiquei tao estafada que deslizei a manha seguinte prostrada na cama, motivo pelo qual tenho pensado na necessidade de rever meus conceitos. Sempre soube da dureza de ser pais, porém agora estou certa de que nao chega sequer a 1/10 do que possa ousar imaginar. De todo modo, não sei se já me convenci de que abdicaria de um progresso na minha carreira. Mas, claro, não sou mae...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ausência de espelho

Há algumas semanas atrás, num desses encontros familiares, ao falar sobre relacionamentos, surpreendeu-me o comentário que uma tia minha fez sobre o fato de eu ser autoritária. 

Embora eu sempre intente - na maioria das vezes sem sucesso - me desmembrar dessa característica que a vida toda me perseguiu, eu sou, realmente, muito autoritária. Logo, nao foi essa a verdade que me causou espanto, mas sim ouví-la da  pessoa que - à parte de todas as suas infindáveis qualidades - é o ser humano mais autoritário que eu já conheci. Daqueles que faria frente à Hitler simplesmente se ele comentasse que o mel dos cabelos dela é voltado mais para um castanho do que para loiro.

Esse acontecimento recobrou a minha memória, relembrando das inúmeras vezes que me peguei criticando características e comportamentos alheios, os quais estavam incontestavelmente intrínsecos ao meu ser - vem aquela velha história de nao olharmos para o próprio umbigo...

E como uma bola de neve, essa lembrança rememorou outra de que nós, humanos, costumamos ser excessivamente arrogantes, principalmente quando reverberamos a impiedade dos nossos julgamentos. 

E como a bola continua a aumentar, isso só fez transparecer a minha pequenez frente às vastas e infindáveis liçoes que ainda tenho por tirar desse mundo tao contraditório e interessantemente irregular.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O céu, também nos pintando de lilás. Embora profetizando a alegria e eternizando a amizade, sente-se pequeno tamanha a intensidade do amor que se revela no deflorar da natureza. A vida, nos seus detalhes, é simplesmente perfeita!
Jardim Botânico - Rio de Janeiro - 06/06/2006. E por que hoje?! Nao sei.




quarta-feira, 15 de setembro de 2010


Essas mãos que calam, mas anseiam por falar, estão aptas a descortinar o mundo, desbravar a vida e novas formar criar. Transcendem às suas funções, embarcam em mares bravios. Morrem e nascem todos os dias ou simplesmente aparecem. Mãos que ocultam mistérios mil, dos quais muitos elas mesmas desconhecem. Mãos inquietas e inconstantes, serenas e calmantes, batem à porta. E o que virá?

domingo, 12 de setembro de 2010

Resgate

O final de semana passado foi de reencontros. Nao daqueles amigos distantes cuja visita frequente nos é impossibilitada pela geografia. Mas daquela família que sempre esteve próxima, porém sempre a menos presente. Digo, para a qual nao muito NOS fizemos presentes.
Curioso a vida. Nao que hoje em dia eu tenha grandes contatos com a minha família materna e com a paterna, contudo a proximidade sempre foi menor com o lado que estava mais próximo, embora fosse com este lado mais próximo que eu sempre me identifiquei mais.
E, apesar dessa distância toda, o reencontro mostrou a preservaçao da intimidade e o resgate da saudade de algo que sequer se viveu outrora. E salve a espontaneidade!
Já nesse final de semana, o reencontro foi no chá-bar de um casal de amigos com os quais a mudança de cidade me proporcionou o prazer de um constante desfrute da sua companhia e da sua família que, também, é a minha família - ao menos por adoçao. Vê-los ali, curtindo a prévia da realizaçao de um sonho, numa festa maravilhosa, organizada por seu grupo de amigos, fez em mim a felicidade deles.
É muito bom ter família, é muito bom ter amigos.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Agradecimento

Interessante como sempre estamos desejando algo da vida, e acabamos por esquecer o tanto de realizaçoes que ela já nos ofereceu.
Quando mais nova, sempre quis ter meu canto, morar acompanhada de mim mesma. Aqui estou: numa casinha hiper aconchegante, curtindo a alegria de viver comigo mesma.
Sempre gostei de gente, mas daquela gente bem-humorada, verdadeira e que lhe poe pra frente ao invés de se (e nos) banhar com pessimismos. Disso, nunca pude reclamar. É claro que vez ou outra, por um deslize de caridade meu, um desavisado ingressa no meu peito, embora nao demore a perceber a estranheza do ninho. De todo modo, a vida sempre termina me cercando com as melhores espécies de humanos (talvez a única autêntica que merecesse o nome que leva).
Há mais de seis anos atrás, desde a morte do meu anjinho de quatro patas, me foi negado o direito do constante afago canino.Hoje, cá estou eu com os dois labradores mais interessantes que eu poderia conhecer e os quais impoem ao meu dia-a-dia exageradas doses de serotonina.
Como se o mundo e a geografia possuissem a "praticidade" dos meus pensamentos, pedia por uma casa no meio do mato e de frente para o mar. Nao foi bem assim que aconteceu, mas a casa real fica a 800 metros das águas e, vez ou outra, posso alcançar o seu cheiro ou ouvir o doce tilintar da maresia.
O mato nao se fez presente, mas as plantas, flores e ervas emergem no meu espaço. O conqueiro e a mangueira cantam renitentes com o velejar do vento, conseguindo dar leveza até à mais rígida das criaturas, a Sra. Dona Insônia.
Seja num dos raros momentos em que a TV deixa de ser um quadro da casa para cumprir o seu papel de aprisionar estaticamente os movimentos, seja deitada na rede com o computador no colo... chego sempre àquela hora em que nao sei mais distinguir o canto dos pássaros que me circundam, com aqueles que escuto como pano de fundo dos cenários constantes dos filmes ingleses de época.
Sempre desejei uma família harmoniosa, livre dos deboches daquele lado amargurado do ser. Bem, eu tenho meus pais, meu irmao, minha cunhada, alguns tios e poucos primos na Arca. E apesar dos meus pais por vezes se revelarem inconvenientes, intrometidos e injustos, eles sao brilhantes, inteligentes, engraçados, honestos, cultos e companheiros. Até mesmo seus desacertos refletem a bondade das intençoes. Nao por outro motivo, poderia estar tao segura em afirmar que foi com eles que travei o primeiro entendimento sobre o tao ramificado amor.
Por essas e tantas outras plenitudides que a vida me deu e continua a me dar, é que questiono a minha ansiedade por aquilo que ainda estou por alcançar ou por sempre querer. Querer ganhar. Há uma linha muito tênue entre a frustraçao dos desejos ainda nao atendidos e a gratidao pelo momento conquistado. Sou grata, sempre serei grata. E sempre desejosa. Afinal, é ou nao é o desejar mais que mantém o movimeto da vida?

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Estranho seria nao se admirar com a genialidade de quem agraciadamente ousou inventar instrumentos musicais. As músicas, os sons... saem pelos poros, entranhas e partículas de cada ser. Animados ou inanimados, a música nos converte em vida. Pobres moribundos daqueles que passam por ela sem desafiar senti-la. No cerrar dos olhos e na incorporaçao de todo afeto, os órgaos pulsam e  vagueiam sem limites entre harpas, cânticos e vociferaçoes. E assim vamos flutuando rumo ao infinito ou aonde quer quer desejamos voar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Era uma segunda-feira de um desgosto qualquer. A sua vida estava enferma e ela acompanhava o ritmo desacelerado da impaciência. Tinha aula de dança. Quem sabe isso nao seria um permissivo para a melancolia encontrar a porta de saída?!
Rastejou os pés, que sentiam cada vez mais o peso do corpo renitente. Ainda assim, foi a única aluna que se fez presente. Assim... meio que imóvel, invisível. Mas presente.
Deu-se início à batida. Todo o repertório muscial remetia às águas... a seu poder. Iemanjá, mar, rios riachos, feto, peixe. Os deuses clamavam pela fúria irreverente das águas, seguida de uma calmaria levitante.
As cançoes banhavam o seu corpo, que se encontrava submerso nas letras as quais  inconscientemente, incorporou. De repente se viu debaixo d'àgua, como na letra de Arnaldo Antunes, cuja música fora emprestada à voz de Maria Bethânia. "Debaixo d'água tudo era mais bonito, mais azul, mais colorido". E ela nao só respirava, como suas narinas se viram livremente desobstruídas de uma maneira que antes jamais ousou imaginar possível.
O ritmo surgia com o impacto das águas. O que era água, o que era ritmo, ela nao mais sabia dizer. Só podia sentir o impacto purificante da cura.
Ahhhhh, quando eu morrer (se um dia eu morrer) que seja nas águas... Dançando!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

"Antes que seja tarde"

Sentir nao pertencer a lugar algum e ser de todos ao mesmo tempo. O pouso é apenas um mero descanso antes de novas embarcaçoes.
Há anos atrás me disseram que ouvir essa música era lembrar de mim. Eu sou ela. Nada mais certo, nada mais atual...

sábado, 17 de julho de 2010

Um pisa, o outro flutua; um comanda, o outro atua. Dançam, marcham, balançam; acalmam, brincam, relaxam; percorrem, incorrem, exploram, recorrem. Espelho do corpo e de aventuras mil. Quem quiser, puder e brilhar que nos acompanhe...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Once upon a time, a not so long time ago

Contam as línguas que há alguns anos um dos mais belos dos mamíferos da sua espécie atracou nas areias da praia de Itapoa.
Seus contornos avantajados e brilhantes, de súbito chamaram a atençao e de repente toda a multidao se aglomerava ao redor dessa espécime tao grande, imponente, robusta e... frágil.
Os biólogos, ambientalistas e afins também se amontoaram ao redor da baleia, tentando desesperadamente lhe devolver às águas. No entanto, esses ativistas nao contavam com aquela sensaçao infeliz e involuntária, que assassina e esquarteja a poética da natureza e suas dádivas: a Fome. Sim, ela!!! Surgiu voraz, sedenta e salivante nos olhos da Miséria!
A batalha foi travada "entre o feliz poeta e o esfomeado", entre os biólogos e a populaçao carente, para quem pouco importava a Sereia que se escondia por trás daquela carne volumosamente hipnótica.
Os sonhos foram desfeitos para os biólogos, a carnificina fez o Éden para o restante e Gilberto Gil escrevou e cantarolou A Novidade.
"A novidade veio dar à praia, na qualidade rara de sereia. Metade o busto d'uma deusa Maia, metade um grande rabo de baleia... A novidade era o máximo do paradoxo estendido na areia. Alguns a desejar seus beijos de deusa, outros a desejar seu rabo prá ceia.
Oh! Mundo tão desigual, tudo é tão desigual.
Oh! De um lado esse carnaval, de outro a fome total.
E a novidade que seria um sonho, o milagre risonho da sereia, virava um pesadelo tão medonho ali naquela praia, ali na areia...
A novidade era a guerra entre o feliz poeta e o esfomeado. Estraçalhando uma sereia bonita, despedaçando o sonho prá cada lado...."

À parte do "floreamento" que atribuí à narrativa, a verdade é que nao me certifiquei se a história aqui apresentada se trata de um fato ou de mera ficçao, mas é imperativo que essa música se mostra nos dias de hoje nao como lembrança de um passado, mas lamentavelmente como a mais perfeita demonstraçao da dualidade desconcertante que vigora no nosso globo geográfico.
Com vocês, meu querido conterrâneo.

sábado, 10 de julho de 2010

Receita de alma

Esqueça as baladas, os bares, a rua... Ao invés disso, escolha uma casa e que ela toda seja a cozinha. Junte duas violas e tempere-as com a dança e as carícias dos dedos. Misture bem estes ingredientes com sete punhados de vozes e sacoleje até os sorrisos ficarem uniformes. Leve ao forno, fermente com cinco gotas de entusiasmo. Cheire o sabor, aprecie e consuma sem qualquer moderaçao.
Zero caloria, zero gordura trans, 100% de saúde mental, 100% de euforia.
Minha alma é feita de sangue, de frequência, de pulsar... de amigos.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Lei da inquietude interior

Me ridicularize quem quiser, mas certos princípios e leis "domésticas" sao frutos de experiências que demonstraram ao longo dos anos que a auto-ajuda realmente ajuda.

Um desses princípios disserta que se você anda com pessoas que têm o pensamento distorcido, esse pensamento se transfere para você. Da mesma forma, e também por este motivo, os pais sao diretamente responsáveis pela mente do filho.

Podemos escolher os amigos, mas, ao contrário, a família, os colegas de trabalho, colegas de aulas, etc. nao sao objeto da nossa seleçao, embora eu acredite piamente que as nossas mudanças e comportamentos internos afetam todos à nossa volta.

No entanto, como nem sempre possuimos a força de sermos mais fortes que terceiros, a minha sugestao é que passemos a seguir a lei da inquietude interior, silenciando nossos pensamentos, silenciando, intencionalmente, a nossa mente. assim passamos a ter controle de nossas emoçoes e eliminamos as expectativas externas e, por via de consequência, a nossa responsabilidade sobre elas.

Nao conte nada para ninguém. Nao conte nada dos seus sonhos para ninguém.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Porta-chaves

Hoje darei início a um novo "quadro" deste blog, na tentativa de preenchê-lo com mais frequência.
Sabem aquele trocinho que se costuma ficar na parede da cozinha, escondido atrás da porta por meio do qual a gente mexe com toda a energia da casa? Talvez tenha o nome de disjuntor. Ou seria isso a "casinha" dos disjuntores?
Enfim, vi em alguma dessas revistas de casa uma idéia de transformá-lo em um porta chaveiro. Tudo o que se necessita é da tinta na cor que melhor lhe aprouver, ímas, algumas tachinhas para se pendurar as chaves e araldite para colar essas tachinhas. Eu aproveitei e acrescentei umas fitinhas do Senhor do Bonfim ao redor, fazendo-as de moldura - dessa forma eu tenho sempre um pedacinho da Bahia comigo. O resultado... aqui está:

sábado, 22 de maio de 2010

E salve Salvador

Cerca de quatro horas de viagem (na verdade, um pouco menos) e meu coraçao já dispara. Ansiedade gostosa essa! O sorriso estampa na cara a alegria dos seres apaixonados, que ficam flutuando em seus pensamentos, divangando sobre mais um tao desejado encontro - por sinal, tenho que permanecer em constante vigília, uma vez que a ânsia nao acelera apenas meus batimentos cardíacos, mas também dá peso ao pé que, por vezes, esquece o carro chorando a 180km/h.

Passam das 17h, o sol já se esconde sob a luzes que a modernizaçao empresta à noite. Já posso sentir seu cheiro!!! Um pouco de dendê que se mistura à salinidade do mar. O seu perfume exala a euforia e simpatia tao característica dos meus conterrâneos.

Enfrento o trânsito que já nao me soa tao desgastante quanto outrora e observo os carros deslizando em perfeita harmonia por suas avenidas como se fossem monarcas a levitar sobre seus campos de flores - a paixao, definitivamente, se nao for cega, é míope.

Até o shopping se torna interessante. Deixa de ser shopping para se transformar numa rua emaranhada de bares, restaurantes e grifes, algumas até dignas da 5tʰ Avenue. Mas quem se importa? Nao importa se estás com um chinelo de borracha nos pés ou lambuzada de Armanis. Você está na Bahia! Se quiser se enquadrar, simplesmente sorria :)

Suspiros, e mais suspiros e a sexta-feira termina com a mais peruana das saladas em um dos tantos esplendorosos japoneses. A reifeiçao é complementada com salmao maçaricado e outras deliciosas iguarias. Um suquinho de morango, o qual mais se mastiga do que se bebe me convida para um petit gateau de doce de leite. E Genivalzinha (é a minha barriga, para aqueles que nao conhecem) sai feliz e saltitante do Gattai, louca para desaguar no sábado.

Salve, salve, Salvador!

P.S.: para os amantes de Japas, confirmo que a ceviche do Soho também é qualquer coisa de maravilhosa. Mais ainda se vier acompanhada do combinado do chef e de uma "mentiroska" de jabuticaba ou de lichia.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Nessa nova cidade na qual habito, se nao todas ao menos a maioria das mulheres têm uma verdadeira fascinaçao por uma marca de camisolas e pijamas que me remontam aos idos da minha infância, quando minha avó se sentava na cadeira de balanço e começava a tricotar aquelas roupas "moralistas", que insistiam em cobrir nao apenas o nosso corpo, mas também a nossa alma.

Ocorre que nao sou mais uma netinha de 7 anos e apesar de nao pretender parecer sensual todas as noites, tampouso estimo virar "vovó". Ou criança, a depender do contexto - e, claro, da camisola!

Aqueles que me conhecem bem sabem que vivo num país longínquo e muito distante do "país das modavillas", desprezando qualquer deslumbrante e magnífico aparato que, malgrado estupendo, fuja intermitantemente do tao acolhedor conforto.

Nao sei usar maquiagem, nao sei passar um lápis no olho ou até mesmo qual o contorno por onde a sombra deve trafegar. Mas daí a ser celibatária de si mesmo é uma coisa totalmente diferente. E inconsequente!

Nao sou afeita a constantes maquiagens, relaxo com a cara lisa e sandális rasteiras. Dispenso as escovas e as "barbies" do dia, porém ainda consigo enxergar sensualidade na simplicidade ou, para tantos, desleixo. Porém nao consigo imagina que alguém, um dia, será capaz de me convencer que ao menos a mais beldade das mulheres tenha o poder de seduzir enrolada em um daqueles pijamas e camisolas que foram cortados em moldes opacos e quadrados e nos quais se inseriram figuras infantis, a tais roupas coladas de forma artesanalmente prematuras.

E é aí que meu desinteresse por esse "saco de dormir" surpreende e deixa horrorizada a platéia feminina que, atenta, observava eu falando para uma amiga que aquela camisola era para ser usada como pano de chao.

- Mas como você nao gosta dessa marca? Ela é taaaao confortááável!!! ao que minha amiga responde:
- Liga nao, querida, essa minha amiga é a ´ñunica em todo o UNIVERSO que nao gosta desses pijamas. daí que contesto:
- A única das mulheres, pois para os homens estou segura de que ela é "corta-tesao".
- Mas você é solteira, nao dorme com ninguém!
- E daí? Eu durmo comigo. E quero conforto, mas um conforto bonito, sem o risco de que um eventual marido me confunda com a nossa filha.

E nao foi que toda a mulherada se rebelou, deixou o "sonho de várias noites sem paixao" de lado, apoderou-se do seu poder e se cobriu de singelos pedacinhos de tecido?! Confortáveis, mas atraentes.

E àquela vozinha serena da voinha que questionava à neta onde estaria aquela camisolinha da qual as duas gostavam de compartilhar, foi respondido:

- Sonhaste, vovó, sonhaste...

sábado, 27 de fevereiro de 2010


Depois de um ano e meio numa cidade que não me pertence é que talvez eu tenha efetivamente experimentado o “estar só”. Mas não aquele só benquisto, por vezes necessário, e sim o fruto da necessidade involuntária que tantas vezes insistimos em rechaçar.

Parte do coraçao na Bahia, outra em Minas, outra na juventude e delícias do acaso.

Coraçao esse inquieto o da solidao. Que nunca esteve tao só e tao perto (e imbuído) de si mesmo...