segunda-feira, 3 de maio de 2010

Nessa nova cidade na qual habito, se nao todas ao menos a maioria das mulheres têm uma verdadeira fascinaçao por uma marca de camisolas e pijamas que me remontam aos idos da minha infância, quando minha avó se sentava na cadeira de balanço e começava a tricotar aquelas roupas "moralistas", que insistiam em cobrir nao apenas o nosso corpo, mas também a nossa alma.

Ocorre que nao sou mais uma netinha de 7 anos e apesar de nao pretender parecer sensual todas as noites, tampouso estimo virar "vovó". Ou criança, a depender do contexto - e, claro, da camisola!

Aqueles que me conhecem bem sabem que vivo num país longínquo e muito distante do "país das modavillas", desprezando qualquer deslumbrante e magnífico aparato que, malgrado estupendo, fuja intermitantemente do tao acolhedor conforto.

Nao sei usar maquiagem, nao sei passar um lápis no olho ou até mesmo qual o contorno por onde a sombra deve trafegar. Mas daí a ser celibatária de si mesmo é uma coisa totalmente diferente. E inconsequente!

Nao sou afeita a constantes maquiagens, relaxo com a cara lisa e sandális rasteiras. Dispenso as escovas e as "barbies" do dia, porém ainda consigo enxergar sensualidade na simplicidade ou, para tantos, desleixo. Porém nao consigo imagina que alguém, um dia, será capaz de me convencer que ao menos a mais beldade das mulheres tenha o poder de seduzir enrolada em um daqueles pijamas e camisolas que foram cortados em moldes opacos e quadrados e nos quais se inseriram figuras infantis, a tais roupas coladas de forma artesanalmente prematuras.

E é aí que meu desinteresse por esse "saco de dormir" surpreende e deixa horrorizada a platéia feminina que, atenta, observava eu falando para uma amiga que aquela camisola era para ser usada como pano de chao.

- Mas como você nao gosta dessa marca? Ela é taaaao confortááável!!! ao que minha amiga responde:
- Liga nao, querida, essa minha amiga é a ´ñunica em todo o UNIVERSO que nao gosta desses pijamas. daí que contesto:
- A única das mulheres, pois para os homens estou segura de que ela é "corta-tesao".
- Mas você é solteira, nao dorme com ninguém!
- E daí? Eu durmo comigo. E quero conforto, mas um conforto bonito, sem o risco de que um eventual marido me confunda com a nossa filha.

E nao foi que toda a mulherada se rebelou, deixou o "sonho de várias noites sem paixao" de lado, apoderou-se do seu poder e se cobriu de singelos pedacinhos de tecido?! Confortáveis, mas atraentes.

E àquela vozinha serena da voinha que questionava à neta onde estaria aquela camisolinha da qual as duas gostavam de compartilhar, foi respondido:

- Sonhaste, vovó, sonhaste...

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