quarta-feira, 21 de outubro de 2009

"Ao que vai chegar"


Há uns meses atrás, em meio a tanta turbulência que passava por minha vida, recebi uma notícia que embora possa soar como um acalento para o meu coração de tia individualista, surgiu de uma maneira um tanto quanto inesperada (e por que não dizer conturbada) para quem a proferia.

Minha amiguinha, minha doce amiguinha, agora é duas (ou dois). Dela brota uma mais nova e revolucionária receita de "doce", mais um açucarzinho a adocicar a vida dos seus amigos e família, famintos por mais glicose (rs).

Essa minha amiga, por sinal, embora retenha a doçura aparentemente frágil de um cristal, demonstrou que por trás de toda a meiguice que lhe percorre, existe uma base sólida, de uma força e vigor intransponíveis. E por trás dessa base, a serenidade; por trás da serenidade, a temperança; da temperança, a alegria, o sorriso, o amor pela vida e pelas circunstâncias... apesar das circunstâncias.

E a cada dia que passa sigo eu, cada vez mais admirada por essa amiga e seu novo segredo de doce. Que a vida lhe guarde e continue a lhe reservar as mais doces travessuras.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Vergonha de ser honesto

Impressionante como os valores mudam freneticamente numa sociedade, a ponto de se ter vergonha da sua própria honestidade.

Semanas atrás um vizinho veio bater à minha porta e, timidamente, informar que sabia que eu assinava o velox. Continuou dizendo que um outro vizinho - que também tinha velox - iria se mudar, o que deixaria o restante dos moradores "órfãos de internet". Explico: todos eles "compartilhavam" a internet daquele que estava de mudança, seguindo aquele "sistema" tão comum nas classes mais miseráveis denominado popularmente de "gato".

Com a mudança desse morador, o que meu vizinho intencionava era que eu disponibilizasse a minha internet para os demais moradores que, em contrapartida, me pagariam uma determinada quantia mensal pelo uso do mesmo.

Embora meu sentimento fosse de indignação com a famigerada proposta, envergonhei-me pela negativa da minha resposta e me imbuí das mais inconvincentes desculpas para sustentar o meu nem tão sonoro "não".

O básico, o mínimo de valor, é tão incomum hoje em dia que, para não nos indispormos com toda a humanidade ao nosso redor, temos que esconder a honestidade e mascará-la em nome de uma boa convivência social. Como já dizia Rui Barbosa, "de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos mais, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da desonra, a ter vergonha de ser honesto".