terça-feira, 31 de agosto de 2010

Estranho seria nao se admirar com a genialidade de quem agraciadamente ousou inventar instrumentos musicais. As músicas, os sons... saem pelos poros, entranhas e partículas de cada ser. Animados ou inanimados, a música nos converte em vida. Pobres moribundos daqueles que passam por ela sem desafiar senti-la. No cerrar dos olhos e na incorporaçao de todo afeto, os órgaos pulsam e  vagueiam sem limites entre harpas, cânticos e vociferaçoes. E assim vamos flutuando rumo ao infinito ou aonde quer quer desejamos voar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Era uma segunda-feira de um desgosto qualquer. A sua vida estava enferma e ela acompanhava o ritmo desacelerado da impaciência. Tinha aula de dança. Quem sabe isso nao seria um permissivo para a melancolia encontrar a porta de saída?!
Rastejou os pés, que sentiam cada vez mais o peso do corpo renitente. Ainda assim, foi a única aluna que se fez presente. Assim... meio que imóvel, invisível. Mas presente.
Deu-se início à batida. Todo o repertório muscial remetia às águas... a seu poder. Iemanjá, mar, rios riachos, feto, peixe. Os deuses clamavam pela fúria irreverente das águas, seguida de uma calmaria levitante.
As cançoes banhavam o seu corpo, que se encontrava submerso nas letras as quais  inconscientemente, incorporou. De repente se viu debaixo d'àgua, como na letra de Arnaldo Antunes, cuja música fora emprestada à voz de Maria Bethânia. "Debaixo d'água tudo era mais bonito, mais azul, mais colorido". E ela nao só respirava, como suas narinas se viram livremente desobstruídas de uma maneira que antes jamais ousou imaginar possível.
O ritmo surgia com o impacto das águas. O que era água, o que era ritmo, ela nao mais sabia dizer. Só podia sentir o impacto purificante da cura.
Ahhhhh, quando eu morrer (se um dia eu morrer) que seja nas águas... Dançando!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

"Antes que seja tarde"

Sentir nao pertencer a lugar algum e ser de todos ao mesmo tempo. O pouso é apenas um mero descanso antes de novas embarcaçoes.
Há anos atrás me disseram que ouvir essa música era lembrar de mim. Eu sou ela. Nada mais certo, nada mais atual...