quinta-feira, 26 de abril de 2007

O encontro dos bruxos

Metade do dia de uma terça-feira, um sol escaldante típico dos trópicos e lá vai ela embrulhada num pacote vestimental do qual a sua profissão, ainda que por vezes fracassadamente, lhe obriga a usufruir. Embora de perninhas curtas, caminhava com os passinhos apressados, ávida para chegar ao seu destino.

Ele, porém, estava simplesmente de passagem, quando resolveu parar para recarregar a alma e receber a visitante que, ao menos neste tempo, acabaria de conhecer.

O reconhecimento foi imediato. Por certo no caso dele, haja vista que para ela, fora uma pequena surpresa por se deparar com um homem naquele local de costumeira presença feminina, tudo transcorria dentro do padrão ordinário de normalidade.

Na sala de espera, enquanto ela tentava “desmontar” um copo plástico e transformá-lo talvez num pratinho ou jogo americano cuja estrutura intercalada era típica para materiais feitos de palha, ele dissecava um resumo sobre sua vida e os caminhos percorridos ao longo dos anos para chegar onde, naquele momento, estavam os dois.

Ela desconfiava se alguns espasmos e recuos eram frutos da sua presença a qual, por ventura, talvez estivesse incomodando o rapaz. Mas a verdade era que a garganta do homenzinho era sufocada pela emoção contida de reconhecer sua mais nova velha amiga.

A cada pequena revelação, a cada pequena troca de informação, mais e mais coincidências iam surgindo.E o acaso, por um desacreditado acaso, fez com que o acaso de um convergisse para o acaso do outro. Afinal, é assim que os amigos se reconhecem: por um mero acaso que, na realidade, nunca existiu.

2 comentários:

Unknown disse...

E assim, foi decretado o ocaso do acaso.
Cada dia gosto mais disso aqui J.
Besos

Gisele Borges Fortes disse...

ai, ai... nada é por acaso, ou será um acaso achar que o acaso não existe?
Adorei o post!
beijinho