Dizem, ainda, que é o número da "responsa".
Esse número, que apesar de não ser necessariamente o meu preferido, surgiu num dia do tal: o 7. Num dia de 7, o 5 desponta: faltam 05 dias... faltam apenas 05 dias...
Uma amiga muito querida sempre diz que quando vem me visitar sempre surjo com uma nova amizade a ser apresentada.
É... isso sou eu. Quando não vago pelo mundo, estou recebendo os passantes.
Nem bem retorno de viagem, e mais uma grata surpresa está à minha espera.
Os dias são duros, as tarefas são infindáveis, o físico clama desesperado por sossego, mas o sol continua radiosamente hipnótico para quem tem gana de desfrutá-lo.
E eis o que acontece quando as direções se sincronizam: nada mais que um dia de degustáveis oportunidades.
Este último final de semana - assim como os últimos meses – foi uma incógnita reveladora. Uma cidade que continua maravilhosa, alguns fragmentos que perderam seu encanto, os amigos num momento de reconstrução, a família ainda amada...
As contraposições se apresentam numa incrível conexão e de repente tudo tem razão de ser.
A vida e sua inconteste sapiência!
Ah, a vida... eis a mais velha das crianças, o mais infantil dos sábios, a mais brincalhona das responsabilidades. Ah, a vida... este serzinho faceiro que, sorrateiramente, nos conduzem ao inimaginável mundo da realidade - almejada por meio do contra-senso do caminho. A vida e suas facetas...
Estranha sensação de estranho domingo...
Na pré-adolescência o domingo fazia jus à música: “domingo eu quero ver o domingo passar”. Passado alguns anos e o domingo era fonte inesgotável de revitalização, um preparo esperançoso de uma excelente segunda-feira. Há poucos 2 meses, contudo, esse dia tem sido nada mais que uma incógnita.
Estranha sensação de estranho domingo. Os ânimos não se ajeitam e a segunda cai forçosamente sobre uns braços trôpegos e vacilantes.
O que virá?
O amor nos mantém vivos, a paixão nos movimenta.
Dia de sábado, dois turnos distintos, dois exemplos similares de que a vida compensa o esforço quando imbuído de prazer. Mera conseqüência da paixão, que sempre anseia; mera conseqüência do amor, que sempre sustenta.
Faça o que for, serás um tolo se desprezares a paixão... um moribundo desprovido de prazer.
A história está repleta de pessoas bem-sucedidas as quais – antes – tiveram que superar os mais intransponíveis obstáculos, as mais notórias mazelas e os mais fortes dramas. E já é praticamente incontroverso que o que as distinguiam dos perdedores era justamente a crença pessoal. Mas o que é esta crença senão o manto da paixão? Paixão por si, paixão pela crença, paixão pelo movimento.
O amor nos mantém vivos, a paixão nos movimenta.
Vazio: ausência de algo. Vazio do vazio: ausência de conhecimento do algo que está ausente.
E o tempo vai passando, sem muita trégua. Lança mão de suas armadilhas e relativismos e se mostra à frente de qualquer medida. Que ao menos esse moleque travesso ainda recepcione o resultado.
A vida vai passando, o mundo voando e as indagações nos cortejando.
Mário Lago, certa feita balbuciou ter feito “um acordo de coexistência pacífica com o tempo”, por meio do qual nem o tempo o perseguiria, nem Mário fugiria dele; um dia eles simplesmente se encontrariam. Infelizmente, a passionalidade ofusca em mim a sapiência da serenidade que acompanha dito acordo. Meu relacionamento com o tempo é um complexo caso de amor. Por vezes doentio, outras sadio. Acompanha as estações do ano, as fases da lua, o nascer e morrer do dia.
Há dias em que o verão desponta e o meu coração se inebria de energia – corre atrás do Tempo. Em momentos de outono se rebela, faz charme, porém anda macio – o Tempo e eu nos acomodamos. Quando o inverno surge, atinge a frieza de minh’alma, desacreditando nas suas promessas – o Tempo se entristece pelo meu desprezo. Mas eis que surge a primavera e bailamos frutíferos pela vida – é neste tempo que não há casal mais dançante do que nós, eu e o Tempo... Compassando e levitando pelo agora...
Contudo, estamos no inverno e, até que chegue a primavera, sai pra lá com esse mau Tempo, pois de vazio estou cheia!
(Uma benção à vida por constantemente está me presenteando com a felicidade dos antigos e a chegada dos novos).
Talvez seja esse o sentido mais puro e casto do amor, descortinado da maneira mais euforicamente singela possível – se é que me entendem, hihihi.
Faço um retrospecto da minha infância, passo pela adolescência, chego à minha juventude (e eu que ouse sair dela!), e percebo que, de fato, meus amigos são a minha base, meu sustentáculo, aqueles que realmente me empurram para a vida.
Sim, não posso negar que já sofri decepções (algumas poucas, verdade), que jamais me queimei de ciúmes ou que perdas nunca existiram. Tampouco poderia me furtar a dizer que – escondida no meu cantinho – já chorei de saudade, assim como me enalteço de êxtase por um telefonema ou mensagem de um amigo distante (distante só aos olhos), pelos beijos e abraços dos presentes e por constantes e eternas declarações de amor.
Se não estão comigo, posso senti-los velando por mim, acalentando meu sono, desejando o meu melhor, brigando quando “tropeço” e, ainda que inconscientemente, curando a minha dor. E, quando assim não é, me ligam, mandam mensagens, scraps, e-mails, estão presentes do meu lado, me fazem companhia e… Sem saber, tornam a minha existência cada vez mais leve, os meus dias cada vez mais tranqüilos, o meu ser cada vez mais forte e imbatível e, por fim, a minha alma cada vez mais agradecida.
É inexplicável o conjunto de sensações… Aquela alegria que ultrapassa as barreiras do inatingível, que é tão poderosa e onipotente a ponto de nos amedrontar. Medo oriundo de uma insegurança que nos leva a pensar que todo esse sentimento é tão bom e perfeito para ser excessivamente real, que pode se esvair a qualquer tempo. Porém, não se esvai!!! Porque, além de perfeito, é íntegro, honesto e verdadeiro – e isso já pude constatar na prática.
Aos 28 anos e ainda - e sempre - aprendendo a viver, já aprendi que sem meus amigos sou apenas um corpo passante, caminhando pela existência sem dela usufruir. Por isso, venho aqui agradecer por vocês, meus amigos, terem se mostrado a mim, por estarem tão intrinsecamente ligados às minhas funções vitais e me oportunizarem o usufruto desse sentimento que faz com que eu – embora imbuída de sonhos, metas e desejos ainda em fase de realização – me sinta plenamente realizada e puramente feliz.
Eis a vida que me faz assim, reinventando a paixão todos os dias. A cada dia, a cada contorno, a cada nuance... ela, a vida, é quem se torna apaixonante. Hoje, mais uma vez, ela me seduziu com a poesia das músicas que, como já dizia Chico Buarque, entornou pelo chão.
Ahhh, a música... Apenas uma das tantas poéticas manifestações de que há vida na vida. E de que a arte persiste. Ahhh, a música! Enlouquece-me quando me embriaga com suas notas, quando se desnuda com uma nova roupagem e põe meu coração dilacerante a pulsar trepidamente. Entorpece-me com os seus caminhos, os quais percorro flutuando cegamente. Colore-me com os seus sentidos, sendo olfato, tato, visão e paladar sem que eles eu precise acionar.
Obrigada vida, obrigada música e à toda essa paixão. Obrigada por hoje e por todos os outros dias.
Às vezes muitas viagens não vêm acompanhadas de malas, mas só de presentes. O último que recebi, apesar de um prévio aviso de dois dias, não deixou de aparecer como uma grata surpresa.
Os presentes surgem e não importa que modifiquem sua rotina e descartem o que jamais poderia deixar de ser prioridade. Afinal, realizam uma nova impressão da simplicidade da vida, colorindo com mais vigor a riqueza costumeiramente escondida nos pequenos detalhes.
Os presentes... Pouca relevância tem que me sejam conferidos em locais nada atrativos. Ao contrário, aparecem justamente como um meio de consolo, entretenimento e distração – sábio e inexplicável dom de transformar o inferno em paraíso.
Os presentes – observem – sempre estão acoplados de imperceptíveis, porém eficientes, botõezinhos, os quais, uma vez acionados, são capazes de provocar incontroláveis gargalhadas, criar um campo de força contra o estresse e um precoce Alzheimer, que atinge tão somente aquela parte insolente e relutante do cotidiano.
E mesmo que a cor de suas crenças não combine com o tecido dos meus propósitos, os presentes sempre são presentes. Compõem-se de mimos, afagos e, sobretudo, de respeito e tolerância.
Ah, os presentes! Quem precisa de manual de instruções, quando a percepção autodidata já instrui o seu manuseio?
Dita percepção, no caso, automaticamente instruiu e automaticamente constatou: os presentes também são mensageiros e donos do tempo. Silenciosos e discretos, anunciam: vento forte e turbulento arrasta nuvens cinzentas do céu, garantido uma semana ensolarada e repleta de vigor.
P.S.: Havia esquecido de mencionar, mas os presentes têm esse poder.
Ele, porém, estava simplesmente de passagem, quando resolveu parar para recarregar a alma e receber a visitante que, ao menos neste tempo, acabaria de conhecer.
O reconhecimento foi imediato. Por certo no caso dele, haja vista que para ela, fora uma pequena surpresa por se deparar com um homem naquele local de costumeira presença feminina, tudo transcorria dentro do padrão ordinário de normalidade.
Na sala de espera, enquanto ela tentava “desmontar” um copo plástico e transformá-lo talvez num pratinho ou jogo americano cuja estrutura intercalada era típica para materiais feitos de palha, ele dissecava um resumo sobre sua vida e os caminhos percorridos ao longo dos anos para chegar onde, naquele momento, estavam os dois.
Ela desconfiava se alguns espasmos e recuos eram frutos da sua presença a qual, por ventura, talvez estivesse incomodando o rapaz. Mas a verdade era que a garganta do homenzinho era sufocada pela emoção contida de reconhecer sua mais nova velha amiga.
A cada pequena revelação, a cada pequena troca de informação, mais e mais coincidências iam surgindo.E o acaso, por um desacreditado acaso, fez com que o acaso de um convergisse para o acaso do outro. Afinal, é assim que os amigos se reconhecem: por um mero acaso que, na realidade, nunca existiu.
Certa feita aterrou sobre as minhas costas uma mala. E uma de – APENAS – aparente fragilidade como aquela não aterra, quiçá pousa. Simplesmente despenca.
As malas, quando decidem ser tais, clamam contra suas compatriotas burguesas e se eximem de qualquer luxo que a praticidade das rodinhas podem lhe proporcionar. Olvidam-se do fato de que essa necessidade exacerbada de ser “do contra” por vezes –prejudica meros terceiros espectadores que, obrigados a se submeterem aos caprichos de uma malinha revoltosa, carregam o peso do que poderia ser tão somente arrastado.
Certa feita dita mala, como dito, despencou. Embora seus contornos tenham me induzido ao erro de pensar que aquela pequenez dispensava calçados rotatórios e revelava uma extrema magreza, a verdade é que por trás da desagradável delicadeza, pilhas e pilhas de concreto pesavam sob o seu interior.
A mala, não satisfeita em ser só uma, trouxe consigo todos os apetrechos que seu formato sequer podia suportar – dentre eles, um nécessaire ainda mais extenso que a própria mala, apesar de apresentar uma certa maleabilidade que lhe tornava passível de ser contida na esguia e irritante malinha.
Meus músculos, porém, gradativamente desfaleciam com o leve ancorar da mala. E toda aquela rigidez e fortaleza que vidas e mais vidas de musculação me haviam proporcionado, eram um tanto quanto inúteis frente os objetos cortantes e pontiagudos, os quais a mala, estrategicamente, açambarcava.
Eis que, já estando eu padecendo, sangrando e me esvaindo de aflição, caí na real. Ao menos tal mala conseguiu incutir na porção não mais relutante de massa encefálica que me restava, uma lição: por mais que tentamos superar os pesos que podemos suportar, há malas que nos desafiam com espaços que, mesmo não lhes sendo possível, elas ousam preencher. Para malas como essas, a única solução continua sendo o despacho.